Blog WoodFlow Setor madeireiro mostra resiliência e mira retomada em 2026
18 de novembro de 2025
Somapar, STCP e WoodFlow avaliam o mercado e apontam 2026 como um ano de reorganização, cautela e oportunidades para a madeira brasileira.
O setor madeireiro brasileiro encerra 2025 demonstrando maturidade e capacidade de adaptação em um cenário marcado por tarifas, exigências regulatórias e cautela dos principais mercados compradores. Esse foi o diagnóstico apresentado no episódio 21 do Podcast WoodFlow, que reuniu Gustavo Grein Cavalcanti, diretor da Somapar, e Marcelo Wiecheteck, head de Desenvolvimento Estratégico da STCP, em uma conversa conduzida por Gustavo Milazzo, CEO da WoodFlow. O trio analisou como a indústria atravessou o ano e quais são as perspectivas para 2026, destacando a resiliência e o profissionalismo das empresas brasileiras.
O desempenho de 2025 mostrou uma dinâmica diferente, sobretudo no mercado de compensados. O diretor da Somapar destacou que, com tarifas, antidumping e EUDR no radar, diversificar tornou-se urgente e manter estruturas preparadas para atender diferentes ciclos é sinônimo de resiliência. “Tivemos uma inversão no mercado. Durante a pandemia, o produto comoditizado estava valorizado, precisava-se de escala. Este ano, a necessidade de diversificação de mercado imperou e, com isso, produtos personalizados ganharam destaque”, apontou Gustavo Grein Cavalcanti.
O impacto das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos foi tema central do episódio. Gustavo relatou que, no início do tarifaço, o comportamento dos compradores americanos foi de cautela extrema. “No primeiro momento, todos cancelaram. Chegamos a tirar mercadorias de dentro do porto”, contou. Com o passar dos meses, parte do mercado voltou a recompor estoques, mas de forma muito limitada. Para ele, se não houvesse o tarifaço, 2025 caminharia para ser um ano muito positivo.
A avaliação técnica sobre o cenário global foi aprofundada por Marcelo Wiecheteck, que destacou o papel da resiliência, mas também os limites enfrentados pelas empresas. Ele observou que as negociações tarifárias com os Estados Unidos avançaram pouco e que o setor tem acompanhado o processo de forma atenta.
A menos de um mês de entrar em vigor, o EUDR também foi debatido no episódio. Marcelo destacou que o setor madeireiro brasileiro está bem posicionado, graças ao uso predominante de espécies plantadas e certificações, mas alertou que ainda há dúvidas sobre o nível de detalhamento que será exigido pelos compradores europeus. “Estamos a um mês de começarem as primeiras entregas que precisam atender o EUDR. Ainda há indefinições, tanto de quem exige quanto de quem precisa comprovar”, explicou.
A análise de 2025 mostra, mais uma vez, que o setor madeireiro é resiliente. “O Brasil tem um setor forte e preparado. As empresas se organizaram, ajustaram rotas e seguiram com disciplina. Isso confirma a maturidade do setor brasileiro”, apontou Gustavo Milazzo, da WoodFlow.
Para os entrevistados deste episódio, 2026 deve ser um ano de acomodação do mercado. Decisões tomadas agora sobre ritmo de produção, estoques e foco estratégico podem influenciar a posição competitiva no próximo ciclo. Cautela e eficiência serão decisivas em 2026.
11 de novembro de 2025