Exportações de madeira em risco

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25 de julho de 2025

Exportações de madeira em risco

Em episódio do Podcast WoodFlow, especialistas apresentam os impactos que já estão ocorrendo no mercado madeireiro com a previsão de novas tarifas aos produtos brasileiros. 

O impacto da possível tarifa de 50% nas importações de produtos brasileiros nos EUA foi o tema central do Podcast WoodFlow de julho. O principal desafio para as empresas está na incerteza de quando e como a tarifa será aplicada. “Essa insegurança é o que nos deixa fora do mercado, não temos clareza do que vai acontecer", destacou o CEO da Randa Portas, Compensados e Molduras, Guilherme Ranssolin, um dos entrevistados do episódio.

Apresentado pelo CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo, o décimo sétimo episódio contou ainda com a presença do Head de Desenvolvimento Estratégico da STCP, Marcelo Wiecheteck. Durante a conversa, os especialistas destacaram que é preciso uma ação conjunta de empresários, associações, federações e governos estaduais e federal para preservação de empresas e empregos. 

Impactos no mercado da Madeira

O anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos no último dia 9 de julho já trouxe impactos para a indústria madeireira. O principal e imediato foi a suspensão de pedidos. Várias indústrias do país, que possuem os EUA como principal mercado, anunciaram férias coletivas a fim de minimizar os prejuízos enquanto as negociações do governo estão em andamento. 

"Há 30 dias, os clientes estavam buscando aumentar a parceria com o Brasil, devido a estarmos sendo tarifados em 10% e os outros países acima de 30%. E hoje, com essa insegurança desse anúncio, os clientes acabam segurando, não sabendo se seguem ou não. Porque da noite para o dia podem receber produto com 50% mais caro, como é que isso é repassado na ponta? Ou se vai ser menos, vai ser 25%, vai ser 15%, como é que eles precificam isso? Então, a busca da indústria hoje é que tenha uma conclusão", detalhou Guilherme.

Especialização no mercado norte-americano

Um dos maiores desafios, caso a tarifa seja aplicada no patamar de 50%, no caso dos produtos madeireiros, está na conversão ou adaptação da produção para outros mercados. Segundo Marcelo Wiecheteck, as indústrias brasileiras de madeira foram construídas, em sua maioria, visando o mercado de construção civil dos Estados Unidos. 

“O maior exemplo disso é a nossa principal matéria-prima que é o Pinus. As espécies Taeda e Elioti que plantamos aqui são originárias dos EUA”, completou Marcelo. Com isso, é difícil um “virar de chave” para explorar novos mercados. O especialista da STCP apresentou dados que mostram casos em que 98% da produção é destinada aos Estados Unidos, caso da moldura de pinus, por exemplo. 

Por esse motivo, os especialistas apontam que a aplicação da tarifa será desafiadora e a busca por novos mercados será restrita para muitos produtos, pois são poucos os países consumidores que compram produtos de pinus, por exemplo. Somente em 2024 o Brasil exportou mais de 5 milhões de metros cúbicos de madeira serrada e compensado para os EUA. 

“Ainda, se formos falar de exportar para outros mercados, temos que analisar a conjuntura econômica desse mercado. Por exemplo, a China está ‘patinando’ na construção civil, assim como outros países. Então é realmente muito difícil conseguir colocar a produção brasileira em outro mercado, assim como é desafiador encontrar em outro país um produto tão qualificado e em volume para atender os EUA", completou Marcelo. 

Negociar e não retaliar

Os entrevistados apontaram que o caminho é a negociação e não a retaliação. “Uma política de reciprocidade iria complicar ainda mais as coisas. Olhando para o nosso mercado interno, de portas, por exemplo, somos dependentes do formol dos EUA para as resinas. Uma taxação sobre a importação aqui no Brasil inviabilizaria muitas produções que dependem de insumos norte-americanos", disse Guilherme. 

A melhor saída, segundo os especialistas, é a união de forças entre empresários, associações, federações e governos para encontrar uma saída e acalmar os ânimos do mercado.

“As coisas vão ser bastante complicadas nas próximas semanas. Mas diante de toda essa dependência tanto americana como brasileira - não tem como comparar o nosso comércio com o da China, mas eles estão se entendendo porque um depende do outro - então eu vejo o Brasil, principalmente essa questão aí da madeira, um dependente um do outro. Eu acredito que a gente vai chegar num acordo", finalizou Guilherme. 

Sobre o Podcast WoodFlow

O Podcast WoodFlow é uma iniciativa da startup de exportação de madeira WoodFlow, e visa debater, uma vez ao mês, sobre o mercado de madeira. O CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo conduz as entrevistas sempre retratando o cenário e o futuro da madeira. O Podcast WoodFlow é o primeiro do país a debater temas do mercado madeireiro e pode ser acessado diretamente no YouTube ou nas plataformas de streaming de áudio

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